Autoria: Raquel de Mello Oliveira*; Erick Conde & Adriana Lacerda
O futsal é uma das modalidades esportivas mais praticadas pelas crianças brasileiras, em nível recreacional, escolar ou competitivo. Inúmeros estudos, como os de Becker Jr (2000), Vilani (2001) e Samulski (2002) demonstram a necessidade de se pesquisar o nível de stress a que são submetidos os jogadores, em especial os federados, pois sofrem maiores cobranças por resultados, mesmo estando em tenra faixa etária onde o objetivo é apenas a formação de atletas.
O treinamento precoce ocorre quando crianças são expostas antes da puberdade, a um processo de treinamento planejado e organizado em longo prazo, que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além da participação periódica em competições esportivas ( Kunz, 1994, citado por De Rose Jr, 2002)
Por desenvolvimento, entende-se (Ferraz,2002): fases ou estágios que podem ser identificados caracterizando um processo ordenado e seqüencial, embora a velocidade com que essas fases ou estágios são percorridos, seja extremamente variável de indivíduo para indivíduo, sofrendo fortes influências ambientais. Quando se analisa o problema de a criança estar preparada para participar de competições no esporte, é necessário considerar a questão da prontidão e do período ótimo de aprendizagem. Prontidão esportiva é o equilíbrio entre o nível de crescimento, de desenvolvimento e de maturação e o nível da demanda competitiva. Está relacionada com os pré-requisitos necessários para o envolvimento de crianças e de adolescentes em novas experiências. O período ótimo de aprendizagem está baseado na noção de que, durante o desenvolvimento, alguns momentos são ideais para se promoverem novas aprendizagens, significando que as capacidades necessárias estão presentes no indivíduo, ou seja, a prontidão. Antes desse período, determinados conteúdos ficam prejudicados e, após esse período, perde-se a oportunidade de se explorar o melhor potencial desse indivíduo (Malina, , citado por Ferraz,2002)
Diversos fatores podem afetar diretamente o comportamento dos jovens, dependendo do seu nível de prontidão. Muitos atletas são submetidos a diversas formas de cobrança provenientes de diversas fontes como pais, torcida, estabilidade financeira, comissão técnica e as próprias cognições do atleta. Segundo Ferraz (2002). Quando a demanda for maior que as características individuais, então o indivíduo não está pronto para competir. É nesse desequilíbrio que se pode encontrar o grande aspecto negativo da competição infanto-juvenil. Quando isso ocorre e a criança e o jovem é submetido a desafios, surgem problemas de ordem física, fisiológicas, sociais e psicológicas (emocionais e cognitivas) afetando sua Qualidade de Vida.
O excesso de treinamento e de competições podem também prejudicar a vida social do atleta. Isso acontece quando ele não tem mais tempo para os amigos ou para outras atividades que lhe dão prazer. Isso implica, para os atletas mais jovens, em um fim precoce da infância, com um acúmulo de responsabilidades que, na maioria das vezes, ele ainda não está preparado para enfrentar. Por isso acaba entrando em processo de burnout (esgotamento, que pode ser físico ou mental), e quer logo fazer o que seus amigos, da mesma faixa etária, estão fazendo (Gould et al,1999). É importante deixar as crianças se envolveram com atividades fora do ambiente de treino e competições. Deixar as crianças serem crianças, sem confundir o jovem atleta com o atleta jovem.
Para o desenvolvimento saudável dos atletas seria necessário que as pessoas envolvidas com estes (Comissão Técnica, Departamento Médico, Psicologia, Serviço Social, Nutrição e pais), estivessem cientes da precocidade e das cobranças a que estão sendo expostos, e que o manejo das condições biopsicossociais desses indivíduos deva ser muito bem trabalhado para que seu desenvolvimento seja saudável e contínuo.
Referências:
Becker Jr, B. (2000). Psicologia Aplicada à Criança no Esporte. Novo Hamburgo: Feevale
De Rose Jr., D.M (2002b).Esporte e atividade física na infância e adolescência: uma abordagem multidisciplinar. (pp.39-49)Porto alegre:Artmed Editora
Ferraz, O. L. (2002) O esporte, a criança e o adolescente: consensos e divergências. In De Rose Jr., D.M (Org.) Esporte e atividade física na infância e adolescência: Uma abordagem multidisciplinar. (pp.25-38) Porto alegre:Artmed Editora
Gould D. et al. (1999)Positive and negative factors influencing U.S. Olympic athlete and coaches: Nagano Games assessment. U.S. Olympic Committee Sport Science and Technology Final Grant Report. Colorado Springs
Samulski, D. M (2002) A psicologia do esporte:Belo Horizonte: Ed Manole
Vilani, L.H.P. (2001) Considerações Gerais da Psicologia do Esporte Pediátrica: Uma revisão da influência do contexto psicológico sobre jovens atletas. Belo Horizonte:
* Ex estagiária de Psicologia, Psicóloga do Futsal - Clube de Regatas do Flamengo.
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Com mais de duas décadas de prática ininterrupta, o serviço de Psicologia do Clube de Regatas do Flamengo é um dos mais tradicionais do Brasil no trabalho psicológico com atletas de futebol. Ao longo dessa jornada, vem contribuindo efetivamente na formação de vários jogadores de destaque no futebol nacional e internacional. O trabalho dos psicólogos e estagiários de psicologia oferece acompanhamento e preparação psicológica a todas categorias do futebol, desde o mirim até o profissional. Há algum tempo também funciona no futsal, da categoria infantil até o adulto. O Serviço de Psicologia do Flamengo atende hoje a psicólogos e estudantes de psicologia do Brasil inteiro com instruções, referências e consultoria no trato desta área apaixonante. Aqui nesse espaço virtual você encontrará textos, artigos, notícias, blibliografia,dicas e reflexões, tudo para ajudar a psicologia do esporte nacional a alcançar o patamar que merece junto às ciências do esporte
Um comentário:
Oi Pessoal,
Eu to adorando o Blog e tenho acompanhado sempre.
Coloquei um link dele no meu blog. Como ex-estagiária prometo fazer um posto sobre psicologia do esporte.
Beijos
Nãnny Gomiero
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