Ansiedade da estréia na Copa do Mundo, problema insolúvel?

por Alberto Filgueiras

         A ansiedade da estréia em eventos importantes é um tópico que, há muito, vem sendo discutido na Psicologia do Esporte. Vimos na primeira rodada da Copa do Mundo da África do Sul (2010) uma média de gols baixa e muitos atletas e treinadores atribuindo o desempenho abaixo do esperado de grandes equipes (incluindo o Brasil) à ansiedade da estréia em eventos importantes.

          Todavia, após observarmos o desempenho da Alemanha nesta primeira rodada, sob as mesmas condições sensoriais (vuvuzela e outros apetrechos), mesmos materiais (campo e Jabulani) e um adversário que não é de todo ruim (a Austrália), perguntamo-nos, o que há de diferente nos Alemães? Há algum método de reproduzir as condições ansiogênicas de uma estréia para tentar evitar a queda do rendimento diante da estréia?

          A neurociência responde que sim. Quando pensamos em uma situação ou tentamos vivenciar uma situação através da imaginação, as regiões cerebrais responsáveis por aquelas sensações e emoções são ativadas como se estivéssemos de fato passando naquele momento pela situação imaginada. A isto damos o nome de imagética mental (do inglês: imagery). Na psicoterapia, a Psicologia usa esta técnica sob ambiente controlado, isto é, o consultório, para combater síndromes e patologias relacionadas à ansiedade como fobias e transtornos de ansiedade.

          Possivelmente, nenhuma destas equipes inclui em seu protocolo de treinamento a imagética mental, tão pouco um protocolo de combate à ansiedade. Contudo, poderíamos questionar se há eficácia neste tipo de técnica ante o descontrole das emoções na estréia de importantes eventos esportivos. Se considerarmos as Olimpíadas tão ansiogênicas quanto a Copa do Mundo, nosso maior exemplo é a contratação de uma equipe de Psicólogos do Esporte pela delegação Chinesa para os ciclos olímpicos de Atenas e Beijing. Pudemos ver como surtiu efeito o investimento em profissionais e infra-estrutura (dêem uma olhada na matéria do The New York Times sobre os atletas chineses e a Psicologia do Esporte). Será que um dia o futebol vai ser assim? Pelo menos enquanto nenhuma nação efetivamente investe pesado nesses componentes, podemos ficar tranqüilos. O problema será quando descobrirem o “pulo do gato”.

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