1) O processo pelo qual muitos jogadores se desenvolvem no contexto esportivo nacional e atual apresenta falhas. Tais falhas se devem à falta de organização, estruturação e planejamento, onde as instituições pouco se importam ou desconhecem as conseqüências emocionais que algumas mudanças abruptas podem gerar na vida do atleta. Imaginem uma pessoa que abandona seu lar para treinar em um time de futebol e, além da distância da família, passa por dificuldades financeiras e estruturais no seu ambiente de trabalho durante muitos anos de sua vida. Consideremos que isso tudo ocorre em uma fase crítica do desenvolvimento intelectual: a adolescência. Repentinamente o talento desse jovem atleta é descoberto e hipervalorizado. Então, o menino dependente, que nada podia sem recursos, agora detém muito poder e muito dinheiro, sem falar no status e na repercussão do seu nome na mídia. Com carro do ano, mulheres interessadas e interessantes, convites para festas e eventos nobres. Não acontece com todos, mas podemos perceber que, nesse contexto, é possível que comportamentos e emoções disfuncionais apareçam diante de algumas situações, dentre elas: carência afetiva (principalmente quando o jogador atua longe da família), solidão, quadros de lesão, pressões, insatisfações, problemas de relacionamento afetivo, entre outras;
2) Existem muitas pessoas que querem se beneficiar do status e do dinheiro que o jogador possui, dentre elas encontramos mulheres, prostitutas, travestis, amigos (da onça), empresários e paparazzes.
3) O processo de transição para uma vida melhor (da pobreza à riqueza, do Brasil ao mundo) pouquíssimas vezes é acompanhado por um profissional da psicologia. Isso se deve ao fato de associarem a figura do psicólogo a um equalizador de problemas e assim, como tal mudança é considerada muito positiva, não existe a necessidade de “se tratar” com um psicólogo, afinal de contas a auto-estima não poderia estar melhor. Isso é muito importante e complicado.
Com todo esse quadro desfavorável, precisamos repensar (atletas, dirigentes, psicólogos, torcedores e repórteres) atitudes e estratégias, para que esses e outros atletas “pratas da casa” possam ser inseridos de forma mais saudável e justa nesse mercado do futebol que, por vezes, atua sem alguns escrúpulos.
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